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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

1. 2. 7–ADMINISTRAÇÃOECLESIÁSTICA NOS DIAS ATUAIS

Pastor José Welington Bezerra da Costa
Na opinião do pastor José Welington Bezerra da Costa, 78 anos de idade, reeleito presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus, principal entidade da maior Denominação Evangélica do Brasil, no dia 12 de abril de 2013.

A Igreja tem dois lados. Tem o lado espiritual e o lado material, o lado social. No lado espiritual, a Bíblia, oração, jejum, ensinamento bíblico. Do lado material, do lado do patrimônio, é uma empresa que nós temos que administrá-La de acordo com as leis vigentes no país. [...] Nós, da Assembléia de Deus, não participávamos da vida política do país. Só depois, quando eu assumi a presidência... Porque eu em janeiro agora completei 25 anos na presidência da Convenção Geral, fui reeleito nove vezes. Quando eu cheguei, com o crescimento da Assembléia de Deus, eu entendi que precisávamos colocar alguém para nos representar. E isso foi feito. Hoje temos 28 deputados federais assembleianos (Costa, José Welington Bezerra da.). [1]

As palavras do pastor Costa demonstram claramente como o conceito Igreja “Ekklesia”[2], mudou nestes últimos 25 anos. Percebe – se então que a Igreja que trabalhava desordenadamente, tendo como base apenas o ímpeto e a boa vontade de seus fieis foi substituída pela Igreja Instituição. Como Instituição a Igreja possui e é sujeita a regras, normas e leis e como organização tem a função de controlar o funcionamento da sociedade.
Ainda conforme o Pr. Costa “[...] do lado material, do lado do patrimônio, é uma empresa que nós temos que administrá-La. [...]”. Pastor José Welington está se referindo, provavelmente ao novo modelo eclesiástico dos dias atuais. A Ekklesia – ajuntamento popular, de Atos dos Apóstolos, ou “[...] minha igreja”, (Jesus Cristo), está sendo substituída gradativamente pela Instituição Empresa.
A instituição empresa, geralmente, é entendida como uma atividade que produz e oferece bens ou serviços com o objetivo de suprir uma necessidade humana visando lucro. A característica empresarial observada na Igreja é a ação de oferecer serviços (educacionais, por exemplo) e produtos (editoriais, por exemplo) de qualidade para seus membros o que a identifica cada vez mais a outras instituições semelhantes existentes no terceiro setor.
As organizações sem fins lucrativos (ou econômicos) de acordo com Chiavenato (2000, p.154)pertencentes ao terceiro setor, enfrentam atualmente um dos seus maiores obstáculos, que é a utilização de técnicas apropriadas para sua gestão. As entidades cristãs não fogem a essa regra e mostram sinais de incorporação de práticas administrativas, à medida que se vêem “obrigadas” a adaptar-se aos novos paradigmas da sociedade.
A administração eclesiástica nos dias atuais está consolidando gradativamente o modelo de Igreja que trabalha o Gerenciamento do Desempenho. Se 25 anos atrás quando o pastor José Welington se elegeu pela primeira vez presidente da Convenção Geral das Assembléia de Deus, alguém mencionasse o termo “gerenciamento do desempenho” a qualquer outro termo da Bíblia, provavelmente seria acusado de heresia. Na entrevista supracitada pastor Welington também fala de outro papel da Igreja: “Em primeiro lugar, nós trabalhamos para paz social, na recuperação da criatura humana. Eu entendo que o homem, em si, tem condição de se recuperar em qualquer circunstância da vida. O lado social, o benefício à criatura humana em todas as áreas da vida, desde a educacional, da alimentação, da parte familiar, da parte social, de se integrar à sociedade, procurar ajudá-lo para que ele consiga emprego, trabalho, afim de que essa pessoa, que era uma pária para a nação, passe a ser um cidadão de bem, operando, contribuindo para a nação”.
Afirma Lorin (2009, p.118) que o Gerenciamento do desempenho inclui os três seguintes estágios: primeiro estabelecimento de metas e direção (geralmente feito no inicio, antes da ação ocorrer). Examinando atentamente as palavras do Pr. José Welington percebemos na prática a orientação dada por Lorin. “[...] trabalhamos para paz social, na recuperação da criatura humana. [...]” segundo, incentivo (aplicado enquanto a tarefa está sendo realizada). “[...]. O lado social, o benefício à criatura humana em todas as áreas da vida, desde a educacional, da alimentação, da parte familiar, da parte social, de se integrar à sociedade”; e, terceiro, recompensas e conseqüências (aplicadas depois que a tarefa foi completada). “[...]. para que ele consiga emprego, trabalho, afim de que essa pessoa, que era uma pária para a nação, passe a ser um cidadão de bem, operando, contribuindo para a nação”. 
Conforme o exposto acima; quando aplicado corretamente, o gerenciamento do desempenho estimula as pessoas a uma realização ainda maior em sua tarefa ou projeto, desenvolvendo simultaneamente suas habilidades e aumentando seu interesse.  Fazendo a leitura das entrelinhas da entrevista supra-citada, percebe-se um insight muito simples e óbvio: 

 [...] o centro de uma sociedade, de uma economia e de uma comunidade moderna não é a tecnologia, não é a informação, não é a produtividade. O centro da sociedade moderna é a instituição administrada. Hoje em dia, a instituição administrada é a maneira usada pela sociedade para conseguir que as coisas sejam feitas. E a administração é a ferramenta específica, a função específica, o instrumento específico para tornar as instituições capazes de gerar resultados. (Drucker. Peter F. Entrevista à REVISTA EXAME – 24.02.1999-Pág 46)



[1]Entrevista à Folha.uol. Acesso: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1261988-feliciano-quer-tirar-proveito-da-situacao-diz-lider-de-sua-igreja.shtml - Acessado em 13/04/2013 as 09:00).
[2]Instituição citada no Evangelho de Mateus capítulo 16: 18; quando Jesus falou: “[...] edificarei a minha Igreja [...]” ou “Ekklesia” – ajuntamento popular - Livro de Atos, Capitulo 19: 32, 41

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