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terça-feira, 29 de junho de 2021

TRANSCENDENCE – A REVOLUÇÃO: RESENHA FILOSÓFICA JURÍDICA

 











                                                                                                          Manoel de Jesus 


I - VISÃO GERAL[1]:

Casal de cientistas que trabalha com a nanotecnologia, especificamente na área de inteligência artificial, ao saber da morte prematura de um deles, resolve transferir a consciência do moribundo para uma máquina.

 

II - REFLEXÕES:

II. 1 = Inteligência Artificial:

O casal de cientistas, Will Caster (interpretado por Johnny Deep) e sua esposa Evelyn (interpretada por  Rebecca Hall) desenvolve um sistema de inteligência artificial que lhes permitiu a transferência e a interação da consciência e alguns dos sentidos de um símio (macaco) para um sistema computadorizado graças ao uso da nanotecnologia desenvolvido num mega computador.

 

: II. 2 = Medo do desconhecido:

Indiferente aos possíveis benefícios que possivelmente poderiam advir com o uso da nanotecnologia via inteligência artificial a ser aplicada nos vários segmentos que compõem a bio esfera e a medicina humana, previstos por Caster; um grupo de ativistas denominados RIFT, liderado por Bree (interpretada por Kate Mara) receosos ante a nova descoberta cientifica e temendo o perigo do desenvolvimento da mesma, cometem uma série de atentados violentos a centros de pesquisas de tecnologia de ponta, inclusive o brilhante cientista. Will Caster, vitimado pessoalmente numa tentativa de homicídio, sobrevive, mas descobre que foi atingido por um projétil envenenado e terá poucos dias de vida.

 

II.3 = Desdobramento pós-atentados:

De comum acordo o casal de cientistas resolve transferir a consciência de Will Caster para o computador que anteriormente servira como objeto de ensaio com o símio.

O amigo e pesquisador Max Waters (interpretado por Paul Bettany) por um breve período de tempo ajuda Will e Evelyn no objetivo proposto, porém ao ouvir um dialogo travado por meio da interface do computador entre a consciência de Will e Evelyn e, simultaneamente como resultado a busca de mais dados e conecção online sugerido por Will, ele (Max) se assusta temendo as consequências que poderão advir e propõe a Evelyn desligar a maquina tornando Will off-line.

Evelyn, ainda sob a dor da perda e alheia aos perigos de se permitir a consciência do esposo online, opta por dispensar a ajuda do amigo e prosseguir no intento inicial. Como resultado do poder e do conhecimento adquirido, eles (Will e Evelyn) criam um enorme centro de desenvolvimento com tecnologias inovadoras como a nano medicina e a nano robótica.

Porém ao descobrir a alteração dos seres humanos em nano robôs, originários de uma interface bio-máquina, Evelyn começa a perceber o perigo nas ações de Will e resolve ajudar o grupo RIFT a destruir, por meio de um vírus, a consciência on-line de seu esposo, Will Caster.

 

III – DA VIDA EM SOCIEDADE E SUAS IMPLICAÇÕES:

Apesar do epíteto da ideia inicial, o filme revela ao observador atento que o mesmo transformou em ficção problemas inerentes à dualidade do livre arbítrio humano partindo do principio que nossa consciência nos permite tomar decisões sempre em torno de um objetivo proposto. Gravitamos em um circulo social composto por pessoas com índoles diferentes; algumas boas, outras más que em comum, alguma vez, em algum instante, tomam decisões erradas.

Parafraseando Durkheim[2] (2004, p. 31 e seguintes) podemos aplicar a Will Caster a natureza (coercitiva) da sociedade sob as ameaças de punições como o risco de morte ou isolamento social, haja visto seu comportamento inaceitável por ativistas e mesmo por membros da comunidade científica contrários à expansão e uso da inteligência artificial na determinação de realizar seu intento, independente de suas vontades individuais (natureza externa).

Nas cenas; iniciais quando Max Waters entra no jardim; e nas finais – vista panorâmica local, somos induzidos a admitir que as intenções de Will eram realmente boas; tais como purificar o ar, tornar a água pura, possibilitar o reflorestamento, etc, etc, porém o poder que Caster  exponencialmente adquiriu enquanto on-line, assustou a todos, pois com o mesmo, ele (Will Caster) poderia dominar e controlar o mundo todo. Tal qual o cientista uma máquina consciente estaria sujeito a essas mesmas possibilidades. com a condicionante de que a presença do homem representa uma força ameaçadora à sua continuidade existencial.

No emaranhado de opiniões que o filme em tela suscita, não obstante o aspecto filosófico moral ou amoral, ou a ausência no tribunal brasileiro de uma lei especifica sobre o assunto, podemos adicionar o Juridiquês inicialmente incluindo a inteligência artificial como potencial elemento contraditório ao Capitulo II que trata dos direitos sociais na Constituição Federal, se levados a questionar o Art. 7º, Alínea XXVII[3]: “proteção em face da automação, na forma da lei”; como elemento de discursão no quesito de proteção humanitária a pessoa sem condições de acesso à educação tecnológica.

 

Palavras chaves:  Transcendence. Filme. Inteligência artificial.

 

Manoel de Jesus – Especialista em Gestão Educacional e Empresarial; especialista em Gestão Pública. Bacharel em Administração; e discente do curso de Direito.


[1] Ficha Técnica: Título: Transcendence – A Revolução. Título Original: Transcendence. País: EUA. Ano: 2014.  Direção: Wally Pfister.

[2] As regras do método sociológico. Emíle Durkheim. Ed. Martin Claret, 2004. São Paulo/SP

[3] Vade Mecum. Senador Josè Medeiros. Ed. Senado Federal, Brasília/DF, 1ª edição, 2017.


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