"Não cometerás nenhuma dessas 24 falácias lógicas"
O filósofo, matemático e cientista
americano Charles
Sanders Peirce fala
que as lógicas são "ferramentas para o raciocínio correto".
Não sou nenhum grande entendido
sobre o assunto, mas acho lógico um assunto fascinante. O pouco que conheço e
observo já acaba sempre sendo muito útil em conversas, diálogos, em qualquer
ocasião que peça algum tipo de análise, construção e exposição de raciocínio ou
argumentação.
Agora, quando falamos "construção e exposição de raciocínio ou argumentação", isso pode ficar parecendo
uma coisa meio séria, sisuda, de professor de filosofia ou discussões
inflamadas entre ateus e crentes na internet.
Mas a verdade é que fazemos isso o
tempo todo. As lógicas são o próprio esqueleto que torna as linguagens (dos
idiomas à matemática, passando, e muito, por tecnologia da informação)
possíveis.
Como de fato dependemos disso pra
nos relacionarmos uns com os outros, para nos fazer entender claramente, melhorar
nossa forma de pensar e para resolvermos as coisas práticas da vida, pode ser
bem útil conhecer e entender estes processos, ainda que superficialmente.
Já demos algumas pinceladas sobre
o tema aqui no Papo de Homem, mencionando algumas das famosas falácias de lógica argumentativa
-- que são um capítulo específico
dentro do tema, mas que tem aplicações bem práticas. E estamos também
preparando um novo material, bem completo, tratando não só de lógica, mas das
noções de debate, diálogo e conversação, que são temas relacionados, igualmente
ricos, complexos e comumente pouco explorados.
Como em português o material sobre isso é
escasso, e esse é um conhecimento bem importante quando se quer travar diálogos
e debates saudáveis, resolvemos fazer um esforço extra e traduzir todo o
conteúdo do Thou Shalt Not para disponibilizar
aqui.
1.
ESPANTALHO
Você
desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de atacar.
Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente
inventar um argumento de alguém, fica bem mais fácil apresentar a sua posição
como razoável ou válida. Este tipo de desonestidade não apenas prejudica o
discurso racional, como também prejudica a própria posição de alguém que o usa,
por colocar em questão a sua credibilidade – se você está disposto a desvirtuar
negativamente o argumento do seu oponente, será que você também não
desvirtuaria os seus positivamente?
Exemplo:
Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais
em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie
tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso,
sem verba militar.
2 -
CAUSA FALSA
Você
supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que uma é a
causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a "cum
hoc ergo propter hoc" (com
isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato de duas coisas
estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este erro consiste em
ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em comum para ambas, ou,
como mostrado no exemplo abaixo, que as duas coisas em questão não tenham absolutamente
nenhuma relação de causa, e a sua aparente conexão é só uma coincidência.
Outra variação comum é a falácia "post hoc
ergo propter hoc" (depois
disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é presumida porque uma
coisa acontece antes de outra coisa, logo, a segunda coisa só pode ter sido
causada pela primeira.
Exemplo:
Apontando para um gráfico metido a besta, Rogério mostra como as temperaturas
têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o número de piratas
tem caído; sendo assim, obviamente, os piratas é que ajudavam a resfriar as
águas, e o aquecimento global é uma farsa.
3 - APELO À EMOÇÃO
Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um
argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a
medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um
argumento logicamente coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto
emocional, mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada no
lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro o fato de que não
existe nenhuma relação racional e convincente para justificar a posição de
alguém.
Exceto os sociopatas, todos são
afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são uma tática de argumentação
muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e desonestos, com tendência a
deixar o oponente de alguém justificadamente emocional.
Exemplo: Lucas não queria
comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou
de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a
sorte de ter qualquer tipo de comida.
4. A FALÁCIA DA FALÁCIA
Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela
não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes
do que ver alguém argumentar de maneira fraca alguma posição. Na maioria dos casos
um debate é vencido pelo melhor debatedor, e não necessariamente pela pessoa
com a posição mais correta. Se formos ser honestos e racionais, temos que ter
em mente que só porque alguém cometeu um erro na sua defesa do argumento, isso
não necessariamente significa que o argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo que
Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos comer alimentos saudáveis
porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a posição de Amanda por
completo e comer Whopper Duplo com Queijo no Burger King todos os dias.
5. LADEIRA ESCORREGADIA
Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com
que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de
raciocínio é que ela evita que se lide com a questão real, jogando a atenção em
hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma prova de que tais hipóteses
extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a forma de um apelo à emoção do
medo.
Exemplo 1: Armando afirma
que, se permitirmos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, logo veremos
pessoas se casando com seus pais, seus carros e seus macacos Bonobo de
estimação.
Exemplo 2: a explicação feita
após o terceiro subtítulo - "O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira
escorregadia" - deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
6 - AD
HOMINEM
Você
ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em vez de refutar o
argumento dele.
Ataques ad hominem podem assumir a forma de
golpes pessoais e diretos contra alguém, ou mais sutilmente jogar dúvida no seu
caráter ou atributos pessoais. O resultado desejado de um ataque ad
hominem é prejudicar o oponente de
alguém sem precisar de fato se engajar no argumento dele ou apresentar um
próprio.
Exemplo:
Depois de Salma apresentar de maneira eloquente e
convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel
pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita
por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser sincero, tem um cheiro
meio estranho.
7
- TU QUOQUE (VOCÊ TAMBÉM)
Você
evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o
acusador – você responde críticas com críticas.
Esta falácia, cuja tradução do latim é
literalmente “você também”, é geralmente empregada como um mecanismo de defesa,
por tirar a atenção do acusado ter que se defender e mudar o foco para o
acusador.
A implicação é que, se o oponente de alguém
também faz aquilo de que acusa o outro, ele é um hipócrita. Independente da
veracidade da contra-acusação, o fato é que esta é efetivamente uma tática para
evitar ter que reconhecer e responder a uma acusação contida em um argumento –
ao devolver ao acusador, o acusado não precisa responder à acusação.
Exemplo
1: Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas,
em vez de retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia
anteriormente no debate.
Exemplo
2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu
oponente de ter desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal
não responde a acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente
também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
8 - INCREDULIDADE
PESSOAL
Você
considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá
a entender que não seja verdade.
Assuntos complexos como evolução biológica
através de seleção natural exigem alguma medida de entendimento sobre como elas
funcionam antes que alguém possa entendê-los adequadamente; esta falácia é
geralmente usada no lugar desse entendimento.
Exemplo:
Henrique desenhou um peixe e um humano em um papel e, com desdém
efusivo, perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que nós somos babacas o
bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a forma humana
através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com o passar dos
tempos.
9 - ALEGAÇÃO
ESPECIAL
Você
altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma
aversão boba a estarem errados.
Você
altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma
aversão boba a estarem errados. Em vez de aproveitar os benefícios de poder
mudar de ideia graças a um novo entendimento, muitos inventarão modos de se
agarrar a velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que as pessoas fazem
isso é pós-racionalizar um motivo explicando o porque aquilo no qual elas
acreditavam ser verdade deve continuar sendo verdade.
É geralmente bem fácil encontrar um motivo
para acreditar em algo que nos favorece, e é necessária uma boa dose de
integridade e honestidade genuína consigo mesmo para examinar nossas próprias
crenças e motivações sem cair na armadilha da auto-justificação.
Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas
“habilidades” foram testadas em condições científicas apropriadas, elas magicamente
desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem tem fé nelas.
10.
PERGUNTA CARREGADA
Você
faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela não pode ser
respondida sem uma certa admissão de culpa.
Falácias desse tipo são particularmente
eficientes em descarrilar discussões racionais, graças à sua natureza
inflamatória – o receptor da pergunta carregada é compelido a se justificar e
pode parecer abalado ou na defensiva. Esta falácia não apenas é um apelo à
emoção, mas também reformata a discussão de forma enganosa.
Exemplo:
Graça e Helena estavam interessadas no mesmo homem. Um dia,
enquanto ele estava sentado próximo suficiente a elas para ouvir, Graça
pergunta em tom de acusação: “como anda a sua rehabilitação das drogas,
Helena?”
11.
ÔNUS DA PROVA
Você
espera que outra pessoa prove que você está errado, em vez de você mesmo provar
que está certo.
O ônus (obrigação) da prova está sempre com
quem faz uma afirmação, nunca com quem refuta a afirmação. A impossibilidade,
ou falta de intenção, de provar errada uma afirmação não a torna válida, nem dá
a ela nenhuma credibilidade.
No entanto, é importante estabelecer que nunca
podemos ter certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar cada
afirmação de acordo com as provas disponíveis. Tirar a importância de um
argumento só porque ele apresenta um fato que não foi provado sem sombra de
dúvidas também é um argumento falacioso.
Exemplo:
Beltrano declara que uma chaleira está, nesse exato momento,
orbitando o Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está
errado, a sua afirmação é verdadeira.
12.
AMBIGUIDADE
Você
usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo
enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de usar
ambiguidade em seus discursos, para depois, se forem questionados, poderem
dizer que não estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado como uma
falácia, pois é intrinsecamente enganoso.
Exemplo:
Em um julgamento, o advogado concorda que o crime foi
desumano. Logo, tenta convencer o júri de que o seu cliente não é humano por
ter cometido tal crime, e não deve ser julgado como um humano normal.
13.
FALÁCIA DO APOSTADOR
Você
diz que “sequências” acontecem em fenômenos estatisticamente independentes,
como rolagem de dados ou números que caem em uma roleta.
Esta falácia de aceitação comum é
provavelmente o motivo da criação da grande e luminosa cidade no meio de um
deserto americano chamada Las Vegas.
Apesar da probabilidade geral de uma grande
sequência do resultado desejado ser realmente baixa, cada lance do dado é, em
si mesmo, inteiramente independente do anterior. Apesar de haver uma chance
baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes seguidas, a chance de dar cara
em cada uma das vezes é e sempre será de 50%, independente de todos os lances
anteriores ou futuros.
Exemplo:
Uma roleta deu número vermelho seis vezes em sequência,
então Gregório teve quase certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo
uma forma econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas
economias.
14.
AD POPULUM
Você
apela para a popularidade de um fato, no sentido de que muitas pessoas
fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de validação dele.
A falha nesse argumento é que a popularidade
de uma ideia não tem absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Se
houvesse, a Terra teria se feito plana por muitos séculos, pelo simples fato de
que todos acreditavam que ela era assim.
Exemplo:
Luciano, bêbado, apontou um dedo para João e perguntou como
é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga
e boba. João, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e
afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato
existirem é grande.
15.
APELO À AUTORIDADE
Você
usa a sua posição como figura ou instituição de autoridade no lugar de um
argumento válido. (A popular "carteirada".)
É importante mencionar que, no que diz
respeito a esta falácia, as autoridades de cada campo podem muito bem ter
argumentos válidos, e que não se deve desconsiderar a experiência e expertise
do outro.
Para formar um argumento, no entanto, deve-se
defender seus próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em
posição de autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro, é perfeitamente
possível que a opinião de uma pessoa ou instituição de autoridade esteja
errada; assim sendo, a autoridade de que tal pessoa ou instituição goza não tem
nenhuma relação intrínseca com a veracidade e validade das suas colocações.
Exemplo
1: Impossibilitado de defender a sua posição de que a teoria
evolutiva "não é real", Roberto diz que ele conhece pessoalmente um
cientista que também questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.
Exemplo
2: Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente
por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize
em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado pós-doutorado e isso é mais
do que suficiente para o aluno confiar nele.
16.
COMPOSIÇÃO/DIVISÃO
Você
implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras, partes
daquilo.
Muitas vezes, quando algo é verdadeiro em
parte, isso também se aplica ao todo, mas é crucial saber se existe evidência
de que este é mesmo o caso. Já que observamos consistência nas coisas, o nosso
pensamento pode se tornar enviesado de modo que presumimos consistência e
padrões onde eles não existem.
Exemplo:
Daniel era uma criança precoce com uma predileção por
pensamento lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então logo concluiu que
ele, por ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma
partida de esconde-esconde.
17.
NENHUM ESCOCÊS DE VERDADE...
Você
faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas
relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta forma de argumentação falha, a crença de
alguém é tornada infalsificável porque, independente de quão convincente seja a
evidência apresentada, a pessoa simplesmente move a situação de modo que a
evidência supostamente não se aplique a um suposto "verdadeiro"
exemplo. Esse tipo de pós racionalização é um modo de evitar críticas válidas
ao argumento de alguém.
Exemplo:
Angus declara que escoceses não colocam açúcar no mingau,
ao que Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso,
como um "escocês de verdade", Angus berra que nenhum escocês de
verdade põe açúcar no seu mingau.
18.
GENÉTICA
Você
julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.
Esta falácia evita o argumento ao levar o foco
às origens de algo ou alguém. É similar à falácia ad
hominem no sentido de que ela usa
percepções negativas já existentes para fazer com que o argumento de alguém
pareça ruim, sem de fato dissecar a falta de mérito do argumento em si.
Exemplo:
Acusado no Jornal Nacional de corrupção e aceitação de
propina, o senador disse que devemos ter muito cuidado com o que ouvimos na
mídia, já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.
19.
PRETO-OU-BRANCO
Você
apresenta dois estados alternativos como sendo as únicas possibilidades, quando
de fato existem outras.
Também conhecida como falso
dilema, esta tática aparenta
estar formando um argumento lógico, mas sob análise mais cuidadosa fica
evidente que há mais possibilidades além das duas apresentadas.
O pensamento binário da falácia
preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas variáveis, condições e contextos
em que existiriam mais do que as duas possibilidades apresentadas. Ele molda o
argumento de forma enganosa e obscurece o debate racional e honesto.
Exemplo:
Ao discursar sobre o seu plano para fundamentalmente
prejudicar os direitos do cidadão, o Líder Supremo falou ao povo que ou eles
estão do lado dos direitos do cidadão ou contra os direitos.
20. TORNANDO A QUESTÃO
SUPOSTAMENTE ÓBVIA
Você
apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa.
Este argumento logicamente incoerente
geralmente surge em situações onde as pessoas têm crenças bastante enraizadas,
e por isso consideradas verdades absolutas em suas mentes. Racionalizações
circulares são ruins principalmente porque não são muito boas.
Exemplo
1: A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e infalível. Nós
sabemos disso porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das Melhores e Mais
Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras e Não Devem
Nunca Serem Questionadas.
Exemplo
2: O plano estratégico de marketing é o melhor possível, foi
assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
21.
APELO À NATUREZA
Você
argumenta que só porque algo é "natural", aquilo é válido,
justificado, inevitável ou ideal.
Só porque algo é natural, não significa que é
bom. Assassinato, por exemplo, é bem natural, e mesmo assim a maioria de nós
concorda que não é lá uma coisa muito legal de você sair fazendo por aí. A sua
"naturalidade" não constitui nenhum tipo de justificativa.
Exemplo:
O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de
remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito
especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de
remédios "artificiais", como antibióticos.
22.
ANEDÓTICA
Você
usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido
ou prova convincente.
Geralmente é bem mais fácil para as pessoas
simplesmente acreditarem no testemunho de alguém do que entender dados complexos
e variações dentro de um continuum.
Medidas quantitativas científicas são quase
sempre mais precisas do que percepções e experiências pessoais, mas a nossa
inclinação é acreditar naquilo que nos é tangível, e/ou na palavra de alguém em
quem confiamos, em vez de em uma realidade estatística mais
"abstrata".
Exemplo:
José disse que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia
e viveu até os 97 anos -- então não acredite nessas metas análises que você lê
sobre estudos metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e
expectativa de vida.
23.
O ATIRADOR DO TEXAS
Você
escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva para provar
o seu argumento sem ser representativo do todo.
Esta falácia de "falsa causa" ganha
seu nome partindo do exemplo de um atirador disparando aleatoriamente contra a
parede de um galpão, e, na sequência, pintando um alvo ao redor da área com o
maior número de buracos, fazendo parecer que ele tem ótima pontaria.
Grupos específicos de dados como esse aparecem
naturalmente, e de maneira imprevisível, mas não necessariamente indicam que há
uma relação causal.
Exemplo:
Os fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar apontam
pesquisas que mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais vendida,
três estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo, Cocaçúcar é
saudável.
24.
MEIO-TERMO
Você
declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a verdadeira.
Em muitos casos, a verdade realmente se
encontra entre dois pontos extremos, mas isso pode enviesar nosso pensamento:
às vezes uma coisa simplesmente não é verdadeira, e um meio termo dela também
não é verdadeiro. O meio do caminho entre uma verdade e uma mentira continua
sendo uma mentira.
Exemplo:
Mariana disse que a vacinação causou autismo em algumas
crianças, mas o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação já foi
derrubada como falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo:
talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
Fonte:
https:// PapodeHomem.com.br
Torço para que esta postagem lhe seja útil.
Compartilhe suas dúvidas, descobertas e
percepções sobre o tema. Nossa comunidade, a de estudantes do Direito, desde já
agradece.