Costuma-se considerar uma ponte como uma
estrutura física usada para ligar dois pontos. A necessidade de haver pontes
geralmente se baseia nas circunstâncias que separam os dois pontos e na
utilidade desses pontos no que se refere a sua aceitação por parte dos homens.
O uso mais comum de uma ponte é o de servir de ligação entre dois pontos
separados por um rio ou lago, de modo que possamos nos mover de um ponto ao
outro com o mínimo de esforço e o máximo de comodidade. Uma ponte pode também
servir para unir as duas beiradas de um outro espaço cuja transposição seria
dificultada sem a mesma.
Em outras palavras, a ponte é um elo de
ligação. É um elo do qual só se sente sua falta quando dela não se dispõe. Resumindo,
podemos afirmar, que é o recurso que literalmente liga dois pontos. Podemos também
recorrer à figura da ponte quando estamos buscando estabelecer a relação entre
dois conceitos ou ideias diferentes. Os meios pelos quais conceitos ou ideias se
relacionam geralmente são considerados em termos de conhecimento e, nesse sentido,
o conhecimento se torna uma ponte.
Qualquer coisa que ligue dois conceitos ou
duas condições, de modo que se relacionem em termos de conhecimento, pode ser
considerada como uma ponte. Porém uma das pontes mais difíceis de se construir,
é a que liga o acesso entre os mundos, o material e o espiritual. Ligar ou
relacionar o mundo material com o mundo espiritual ou imaterial, na maioria das
vezes é visto como meninice ou loucura.
Um dos modos,
seguramente o mais conhecido e o menos explorado adequadamente, é a experiência
do convívio cristão que atua como uma ponte por nos possibilitar reconhecer a
existência de duas naturezas do ser: a material e a espiritual. Dentro desta
teórica o homem não se manifesta como uma entidade física independente, nem
como uma alma independente. Enquanto vive aqui na Terra, o homem se expressa
como corpo material e alma espiritual, e deve coordenar essas duas naturezas do
ser na busca de um equilíbrio harmonioso com outros seres humanos para assim extrair
o máximo de sua finalidade como ponte na união destes dois mundos – a saber, o
corpo e a alma.
Um dos
resultados da pandemia é a sensação que sentimos de estar em um cativeiro
dentro dos muros do eu; isolados, vulneráveis, alguns se sentindo como um corpo
sem alma, outros com o sentimento de uma alma despida do corpo. Inegavelmente
ambas as sensações atuam como um imenso precipício, uma enorme cratera, que
indicam a necessidade urgente de uma ponte que sirva como elo para o seu
reencontro. Embora hoje tenhamos ao nosso dispor tecnologias e facilidades de
comunicação nunca visto antes, nunca as pessoas se sentiram tão solitárias como
na atualidade. Estão faltando pontes para ligar o mundo material e espiritual e
sobrando muros de isolamento e precipícios de destruição entre os homens.
Tive a benção
de conviver com alguns religiosos na escola Pio XII, em Itambacuri/MG onde aprendi
com um sábio professor da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, que “as pessoas
mais importantes para nós são aquelas que se fazem de ponte e nos ajudam na
travessia. E, depois de terem cumprido sua missão, desmoronam-se com prazer,
permitindo que cada um de nós possa construir suas próprias pontes”. Enquanto
não percebermos a ponte que existe em cada um de nós – mesmo na redoma da
pandemia que convivemos, seremos incapazes de perceber a imensa extensão da
existência que transcende o mundo material que nos prende.
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