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segunda-feira, 12 de abril de 2021

A VIDA NO BANCO DOS RÉUS


 

Manoel de Jesus.

 

No momento em que lido com estes prolegômenos, o Brasil acabara de registrar 4.190 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas. Em Mato Grosso, até esta data, o total de óbitos era de 8.403 neste período pandêmico, conforme dados do Consórcio de Veículos de Imprensa do Brasil[1].

Recebemos de Deus um dom que engloba todos os demais. Este dom é a vida — vida física, intelectual e moral. Mas a vida não se mantém por si mesma. O Criador incumbiu-nos de preservá-la, de desenvolvê-la e de aperfeiçoá-la. A vida e a liberdade não existem pelo simples fato de os homens terem feito leis. Ao contrário, foi pelo fato de a vida e a liberdade existirem antes que os homens são levados a fazer as leis.

Quanto mais procuramos entender o decretel de lockdowns e quarentenas – e a ferrenha disputa canibalista travada nos porões, casernas e suntuosos gabinetes pela tutela destes decretéis; mais se torna realidade a expressão mosaica: “E a tua vida, como em suspenso, estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida”. (Livro de Deuteronômio, 28:66).

Neste revolto caudal de lágrimas e aflições, próprio deste momento ímpar, e até então desconhecido por esta geração ante a impotência em que se encontra o ser humano no seu todo, me vem a memória a celebre expressão,   “Não se pode ser feliz sozinho”, cunhada por Ernest Hemingway  em seu livro “Por quem os sinos dobram”; - um ensaio sobre a complexidade da vida humana onde Hemingway  nos adverte de que nossa felicidade se faz com relação aos outros habitantes da terra, que também não são felizes a não ser se relacionando com o universo inteiro... E como se relacionar, se a lei, mais que um lockdown moral é uma quarentena existencial?

Assim, por mais que este escriba queira, não consegue tirar de sua mente o obituário citado e muito menos entender a postura de alguns que se locupletam ante as lágrimas choradas a cada vida interrompida e me vem ao coração o sentimento de Jó: “Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo?” (Jó 3:20 – Velho Testamento). Talvez a resposta esteja nas palavras; “aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Antoine de Saint-Exupéry.

E segue a vida.


Manoel de Jesus é; Especialista em Gestão Educacional e Empresarial, especialista em Gestão Pública. Bacharel em Administração; e discente do curso de Direito.

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