Manoel de Jesus.
No momento em que lido com estes prolegômenos, o Brasil
acabara de registrar 4.190 mortes por Covid-19
nas últimas 24 horas. Em Mato Grosso, até
esta data, o total de óbitos era de 8.403 neste período pandêmico, conforme
dados do Consórcio de Veículos de Imprensa do Brasil[1].
Recebemos de Deus um dom que engloba todos os
demais. Este dom é a vida — vida física, intelectual e moral. Mas a vida não se
mantém por si mesma. O Criador incumbiu-nos de preservá-la, de desenvolvê-la e
de aperfeiçoá-la. A vida e a liberdade não existem pelo simples fato de os
homens terem feito leis. Ao contrário, foi pelo fato de a vida e a liberdade
existirem antes que os homens são levados a fazer as leis.
Quanto mais procuramos entender o decretel de
lockdowns e quarentenas – e a ferrenha disputa canibalista travada nos porões, casernas
e suntuosos gabinetes pela tutela destes decretéis; mais se torna realidade a
expressão mosaica: “E a tua vida, como em suspenso, estará
diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria
vida”. (Livro de Deuteronômio, 28:66).
Neste revolto caudal de lágrimas e aflições,
próprio deste momento ímpar, e até então desconhecido por esta geração ante a
impotência em que se encontra o ser humano no seu todo, me vem a memória a
celebre expressão, “Não se pode ser
feliz sozinho”, cunhada por Ernest Hemingway
em seu livro “Por quem os sinos dobram”; - um ensaio sobre a
complexidade da vida humana onde Hemingway nos adverte de que nossa felicidade se faz com
relação aos outros habitantes da terra, que também não são felizes a não ser se
relacionando com o universo inteiro... E como se relacionar, se a lei, mais que
um lockdown moral é uma quarentena existencial?
Assim, por mais que este escriba queira, não
consegue tirar de sua mente o obituário citado e muito menos entender a postura
de alguns que se locupletam ante as lágrimas choradas a cada vida interrompida
e me vem ao coração o sentimento de Jó: “Por que se dá luz ao
miserável, e vida aos amargurados de ânimo?” (Jó 3:20 – Velho Testamento). Talvez a resposta esteja nas palavras; “aqueles
que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si,
levam um pouco de nós”. Antoine de Saint-Exupéry.
E segue a vida.
Manoel de Jesus é; Especialista em Gestão
Educacional e Empresarial, especialista em Gestão Pública. Bacharel em
Administração; e discente do curso de Direito.
[1] -
Disponível em: https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/estados-brasil-mortes-casos-media-movel/ - Acessado em 09/04/2021, às 17:00.
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