É quase certo que no principio o cristianismo tenha
sido visto simplesmente como mais uma seita, ou grupo, dentro de um judaísmo
que já estava acostumado a uma considerável diversidade na expressão religiosa.
As diversidades; religiosa e secular, juntas, tem
sido a combustão que alimenta o surgimento de novas práticas teológicas
ajudando a forjar um sentido de identidade compartilhada em contraste com a
sociedade em geral e à própria expressão religiosa.
O cristianismo foi vitimado por heresias clássicas
como o ebionismo, docetismo, valentianismo; também pelo arianismo, donatismo e
pelagianismo, entre outras, todas forjadas pela ortodoxia.
Quando falo de ortodoxia,
refiro-me à maneira como a Reforma estabeleceu-se, enquanto forma eclesiástica
de vida e pensamento. É de considerável interesse entender o pensamento da
ortodoxia reformista, em especial porque a mesma ajuda a explicar o crescente
interesse religioso e cultural, sem mencionar a simpatia, pelos modismos que
devidamente orquestrados se transformam em heresias; uma vez que, nesta
compreensão, a heresia passa a ser vista como a ortodoxia do corajoso
desfavorecido, o eco de ressonância das vozes dos grupos culturais reprimidos e
oprimidos.
Analisada pelo viés da ortodoxia a
Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral, é um
conceito que vem sendo abraçado por diversas igrejas evangélicas, notadamente
as inseridas nos movimentos MDA, G12 e outras nomenclaturas não menos atraentes
que sugerem a aplicação dos princípios do Evangelho em todas as áreas da vida,
incentivando o evangelismo que pregue a Palavra e que ofereça assistência
social, psicológica e espiritual.
As diferenças entre a Teologia da Libertação e
a Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral,
consistem em que a primeira era regida pela Igreja Católica, tinha comando e
serviu como fonte de oxigenação para o catolicismo brasileiro e da América Latina.
No Brasil
tem como ícones, o (ex) padre Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix
do Araguaia. Um dos seus
frutos no seio da Igreja Católica brasileira, é o Movimento Carismático cujos
padrões de aplicação e obediência religiosa foram moldados em sua práxis.
Já a segunda, Teologia Integral, como dissemos anteriormente
está inserida nos movimentos MDA, G12 e outros pequenos grupos, entre cujos
expoentes no Brasil estão, o pastor e escritor
Ariovaldo Ramos, auxiliar da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) e um dos
maiores entusiastas da TMI no Brasil e o também pastor Ariovaldo Carlos Jr,
criador da Bíblia Freestyle. Ambos enfrentam sérias resistências no próprio
seio interdenominacional brasileiro e não conseguiram até esta data o apoio de nenhuma
chamada Convenção ou Denominação evangélica/ protestante no Brasil ou na
América do Sul.
A exemplo da Libertação, cuja base era sustentada por um
movimento apartidário que englobava várias correntes de pensamento
interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas
condições sociais, políticas e econômicas; a Teologia Integral ou TMI, visa uma atenção maior ao oprimido socialmente, numa práxis denominada
“o Evangelho todo para o homem todo”.
A Teologia da Libertação tinha como pano de
fundo, as lutas pela posse da terra, e deu origem ou/e fortaleceu grupos como o
MST, - Sem Terra e/ou Sem Teto; Via Campesina, CMI – Conselho Missionário Indigenista, os STR
– Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e outras vertentes então classificadas
como socialistas. Na zona urbana ou rural, havia sempre um excluído
socialmente, objeto dos cuidados da Pastoral da Terra ou da Pastoral da Cidade
sob a égide da ação libertadora católica. A Teologia
Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral tem como práxis a diversidade de
gênero, raça, cor, preferencia sexual, etc.
Voltando à ortodoxia, refiro-me à maneira
como Reforma estabeleceu-se. Enquanto forma eclesiástica de vida e pensamento,
a Teologia Integral é
vitima da própria seiva que a alimenta: a diversidade. Especificamente a
diversidade da interpretação e das comparações. Quando Gretchen afirmou que : “Há
um versículo na Bíblia que diz: "Vem a mim do
jeito que você é, eu farei a obra”; sem o saber, cooperou para que a maioria
dos pensadores cristãos no Brasil se voltassem para a “obra” que se opera nas
diversidades. Realmente, “vem como estás”, mas não permaneça como vieste! “Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo”. 2º Coríntios 5:17. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará”. – Gálatas. 6: 7.
Concluindo: Entre as
teologias, da Libertação e a Integral, há quem as compare e as coloque nos
mesmos viés teológicos. Porém o que existe de fato entre as duas é uma simbiose
própria dos modismos e das heresias: “Os fins justificam os meios”. Ou seja,
entre o bem e o mal não há nenhuma diferença entre um ou outro, ou, se
diferença há, não é essa, pois o Bem e o Mal não existem em si mesmos, cada um
deles é somente a ausência do outro.
Manoel de Jesus é
teólogo, administrador, autor dos livros; Caricaturas – poesias evangélicas, Jaciara
Senhora da Lua – história municipalista; As Dez Virgens e A Igreja no Contexto
de Hoje – escatologia; e, Gestão Eclesiástica – Estudo de Caso da Primeira
Igreja Batista de Jaciara – Eclesiologia/Administração.
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