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terça-feira, 12 de dezembro de 2017
domingo, 10 de dezembro de 2017
DIA DA BÍBLIA
"Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome". João 20:30,31
sábado, 3 de junho de 2017
CORROMPIDOS E CORRUPTORES: AS DUAS FACES DA MESMA MOEDA
“Chamam bem ao mal que fazem as suas mãos; o
príncipe exige, e o juiz torna como lhe fazem, e o grande manifesta
(descaradamente)o desejo de sua alma, e perturbam o pais” (Miquéias 7:3) –
Bíblia Sagrada – Edições Paulinas, 1963.
“Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o
juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem; todos tramam em
conjunto”. (Miquéias 7:3) - – Bíblia de Referência Thompson, 1993.
Desde a sua queda no Eden, o
ser humano tornou-se corrupto, susceptível a todo tipo de maldade, passando a
viver por conta de seus próprios desejos, afastando-se gradativamente da vontade de Deus.
Através dos seus profetas e
dos pais da Igreja Cristã, no Velho e no Novo Testamento, Deus sempre conclamou
seu povo para cuidar das comunidades mais vulneráveis da sociedade, buscando e praticando a justiça. Encontramos
o profeta Isaias clamando: “Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o
oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”. (Isaías 1.17) Ainda ecoam em
nossos ouvidos as palavras de Tiago; “Eia,
pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós
hão de vir.As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão
comidas de traça... Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu”. (Tiago
5:1-6).
Na ultima quinzena, o Brasil, e em particular
os brasileiros foram sacudidos com a delação premiada dos irmãos Joesley e
Wesley Batista, da
JBS - a popular FRIBOI que revelou uma faceta insana da psicopatia humana
quando da quebra do pilar máster do marco do Estado Democrático de direito que
é exatamente o fundamentado na acertativa bíblica: “cuidar
das comunidades mais vulneráveis da sociedade”; em função do beneficio
ilegal e imoral em favor de alguns representantes dos três poderes que em tese
teriam o sagrado dever de defender o povo e os interesses da nação brasileira.
Os irmãos Batistas corromperam representantes
da Toga, do Congresso e do Executivo através de práticas comerciais desonestas, (“Ainda há
na casa do ímpio tesouros da impiedade, e medida escassa, que é detestável?
Seria eu limpo com balanças falsas, e com uma bolsa de pesos enganosos?” (Miquéias
6:10,11); com o abuso dos cargos públicos
através do suborno (“Os seus chefes dão as sentenças por
suborno...” (Miquéias 3.11a), e e a conspiração das pessoas no poder
para o seu próprio benefício (“Chamam
bem ao mal que fazem as suas mãos; o príncipe exige, e o juiz torna como lhe
fazem, e o grande manifesta (descaradamente)o desejo de sua alma, e perturbam o
pais” (Miquéias 7:3). Práticas estas condenadas por Deus, pois as
mesmas defraudam as pessoas comuns se apoderando dos seus meios de vida (“Sim,
a verdade desfalece, e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” (Isaías
59:15a) – “E cobiçam campos, e roubam-nos,
cobiçam casas, e arrebatam-nas; assim fazem violência a um homem e à sua casa,
a uma pessoa e à sua herança. (Miquéias 2:2).
Corruptores e corrompidos são
os dois lados de uma mesma moeda. Onde há corrupção, há corrompidos e
corruptores. Do lado do corruptor existe desonestidade e abuso de poder
econômico, ao usar do dinheiro para obter favor, facilitação ou vantagem
ilegal. Do lado do corrompido, há também desonestidade associada à ganância,
que o leva ao ganho indevido e na maioria das vezes de forma ilegal.
Alguns dados da corrupção
É muito difícil quantificar
a corrupção, admitem ONG´s como Transparência Brasil e Contas Abertas. Mas
podemos citar alguns dados:
- A corrupção consome entre
R$ 50 bilhões e R$ 85 bilhões por ano, segundo estudo de 2010 da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo. Isso corresponde a 2,3% de toda riqueza produzida no
Brasil em um ano.
- No Índice de Percepção da
Corrupção (IPC) de 2013, o Brasil tem nota 42, ficando em 72º lugar dentre as
nações. A nota varia entre zero (um país mais íntegro) a 100 (um país mais
corrupto).
- Diariamente, 230 crianças
com menos de cinco anos poderiam ser salvas se os prejuízos financeiros com a
corrupção fossem disponibilizados para se alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio.
- Estima-se que os países em
desenvolvimento perderam cerca de 850 milhões de dólares em 2010, devido aos
fluxos financeiros ilícitos (dados do Banco Mundial).
Como fazer para combater a
corrupção?
O combate à corrupção passa
por ações coletivas, desenvolvidas pela sociedade, efetuadas de modo sistêmico,
contra a contaminação das práticas, dos processos, dos negócios, da aplicação
da lei e da justiça. E, certamente, implica também em atitudes que, como
cidadãos e cristãos, somos chamados a contribuir pessoalmente.
Por onde começar.
Cada cristão, seguidor de
Jesus Cristo, é luz e sal na sociedade onde vive. Temos o dever de ser
vigilantes e participar da vida em sociedade, fiscalizando e denunciando atos
de corrupção, inclusive no espaço eclesiástico, nas denominações, nas
instituições, nas empresas de comunicação e na política local.
O que o cristão deve esperar
(e contribuir) a partir da comunidade onde convive:
- Para sermos luz e sal devemos
ser intolerantes com qualquer tipo de corrupção, lembrando-nos que “o juízo
começa pela casa de Deus” (1 Pedro 4.17).
- Contribuir para que a
igreja seja profeta do Senhor contra a corrupção, mas que seja a primeira a dar
o exemplo em suas práticas eclesiásticas e vida cotidiana.
- Procurar evitar os
políticos que procuram, e os lideres que de certa forma colaboram, com o
envolvimento irregular da Igreja na politica. Atividades “inocentes” como
Marcha para Jesus, participações em algumas solenidades ecumênicas, na maioria
das vezes escondem segundas intenções por parte dos líderes envolvidos.
- Orar para que as igrejas
gerem filhos de Deus comprometidos com um mundo mais solidário e com menos
cobiça, que é fonte de corrupção.
- Sermos intolerantes com a
impunidade de quem quer que seja.
- Sermos solidários com todos
que sofrem as consequências da corrupção, especialmente os mais pobres.
- Contribuir para que a
igreja em geral e os cristãos em particular apoiem reformas políticas como
instrumentos preventivos contra a corrupção.
Ps: As citações bíblicas não identificadas são
constantes da Bíblia Sagrada
– Edições Paulinas, 1963.
Manoel de Jesus,
teólogo e administrador.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
REFORMA DA PREVIDÊNCIA: A POSIÇÃO DA IGREJA E DOS CRISTÃOS SOB A PERSPECTIVA BÍBLICA.
Manoel
de Jesus
O CONIC (Conselho Nacional
das Igrejas Cristãs no Brasil), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), representante da Igreja Católica, a OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e o COFECON (Conselho Federal de Economia) publicaram na segunda
quinzena de Abril próximo passado, uma nota conjunta na qual criticaram a
reforma da Previdência proposta pelo governo e pediram que fosse feita uma
auditoria nas contas da Previdência Social. Juntas; CONIC, CNBB, OAB e COFECN
defendem que "sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da
Previdência torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta" sobre a
reforma.Como era mister acontecer,
o Governo, diante do peso e influência politica/social da nota, veio
imediatamente e ocupou estrategicamente a chamada grande mídia nacional e
contra argumentou de forma veemente e contundente, o argumento usado pelas
instituições. O governo negou que a reforma da Previdência vá prejudicar a
população mais pobre. O próprio presidente Michel Temer afirmou que esse é um
argumento "mentiroso”. “Convenhamos, ninguém quer fazer mal ao país. Dizem
que essa reforma da Previdência vai pegar os pobres. Vou usar uma palavra
forte: mentira. Mentira, porque 63% do povo brasileiro ganha salário mínimo,
portanto, [a reforma] não vai atingir os pobres. Os que resistem e fazem
campanha são os mais poderosos, são aqueles que ganham mais", disse o
presidente[1].
Em que pese o papel do CONIC, da CNBB, da OAB, do COFECN e da própria Secretaria de Governo da Presidência e a contundente verborragia presidencial, a Igreja tem a obrigação e o dever de cumprir, ou procurar cumprir seu papel como representante místico/espiritual no sentido de transcender o debate sobre a previdência para além da disputa ideológico-partidária.
Essa transcendência torna-se
necessária porquanto a premissa Bíblica vetero ou neotestamentária exige
do leitor uma atitude quiçá perspicaz: É preciso colocar um pé na nossa
realidade, coisa que fazemos com facilidade e sem muita esforço, e outro na
realidade da época bíblica, o que exige uma engenharia mental um pouco mais
exigente.
Em que pese o papel do CONIC, da CNBB, da OAB, do COFECN e da própria Secretaria de Governo da Presidência e a contundente verborragia presidencial, a Igreja tem a obrigação e o dever de cumprir, ou procurar cumprir seu papel como representante místico/espiritual no sentido de transcender o debate sobre a previdência para além da disputa ideológico-partidária.
A aposentadoria, como a conhecemos, que supõe um estado social, que recolhe as
taxas e depois cuida das pessoas que não podem mais trabalhar; na época bíblica,
praticamente não existia. Antigamente os governos eram assíduos em recolher
taxas, mas o cuidado com o bem estar social era mínimo. Além disso, o sistema
de previdência é típico de uma sociedade empresarial, feita de patrões e
empregados. PREVIDENCIA, APOSENTADORIA são realidades quase ausentes no contexto
vetero ou neotestamentário. Praticamente, no contexto bíblico, a sociedade era
baseada numa cultura rural, onde cada família sobrevivia graças ao seu próprio
trabalho e cada um cuidava dos seus próprios anciãos.
Nesse contexto é importante falar sobre a
importância que as pessoas anciãs tinham na Bíblia oriundo do próprio privilégio
da idade (presbèion) porém acima de tudo, também da dignidade (Gênesis 5,14;
Êxodo 4,1). Neste contexto, cabe ao ancião (presbèion) a função jurídica. Eram
eles que se sentavam junto as portas das cidades, onde se discutiam todas as
questões da comunidade (Deuteronômio 19). Diz Provérbios que a “velhice é a
coroa dos justos” (10,27). Até mesmo Deus, em Daniel 7,9, é chamado de 'ancião'.
Entretanto não podemos omitir que a falta de
atenção do “estado” às pessoas idosas, com certeza provocava muitas
situações dramáticas, contrárias ao plano divino. As viúvas são um emblema
dessa situação. E a Bíblia orienta que elas sejam respeitadas e assistidas. Já no
livro de Deuteronômio lemos que uma parte do dízimo seja dada a elas, para que
possam viver dignamente (Dt. 26:12-13) e Isaías exige que seja defendida a sua
causa (1,17 - veja também Jeremias 22,3 e Zacarias 7,10). O mesmo acontece com
o Novo Testamento, sobretudo em Timóteo, com o apelo de Paulo a honrá-las (1Timóteo
5). O próprio Jesus, na parábola conhecida como “O bom samaritano” - Lucas
10:30 – 37, nos remete à condição de “responsáveis por aqueles sem vez, sem voz
e sem representatividade”, independente da chancela do estado.
Conforme
exposto, no contexto bíblico não existe um estado
social de direito que ampara os mais fracos, dentre os quais os anciões, as
viúvas, os órfãos, os acidentados ou vitimados por uma hecatombe qualquer. A
aposentadoria, naquela época, era uma utopia. A mensagem bíblica convoca
aqueles que abraçam a fé em Deus a suprir essa deficiência. Esse apelo, com
certeza, vale ainda hoje, pois infelizmente o estado não proporciona a
assistência que as pessoas carentes merecem, segundo o projeto de Deus.
O exegeta, ou o estudioso
sem maiores pretensões, precisa fomentar a consciência de que temos uma
doutrina social na Igreja dentro de sua multidisciplinaridade moderna que
contempla alguns vieses inexistentes na época da fundação da Igreja do Caminho,
na organização da Igreja do Império, na convenção de Niceia ou no bojo da
Igreja da Reforma. Muitos cristãos não têm consciência de toda a reflexão
social que a Igreja faz. Por isto se faz necessário conscientiza-los de que,
para ser sinal de Salvação no mundo, é preciso ser político; não
político-partidário ou defensor desta ou daquela ideologia; mas cristão/político:
defender a humanidade e seus direitos dentro da organização social e econômica
em que se vive defendendo os direitos que são próprios de todo o ser humano
conforme explicito no contexto vetero ou neotestamentário.
[1]
Sites VALOR ECONÔMICO e UOL, em São Paulo 19/04/201713h01
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/04/19/oab-e-igreja-criticam-reforma-da-previdencia-e-pedem-auditoria-no-inss.htm?cmpid=copiaecola&cmpid=copiaecola
quinta-feira, 4 de maio de 2017
REFORMA TRABALHISTA – JESUS VOTARIA COMO VOTOU A “BANCADA EVANGÉLICA”?
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite do dia 26 de
aAbril, por 297 votos a 177, o texto principal do projeto enviado pelo governo
Temer que flexibilizou a legislação trabalhista no Brasil. O texto ainda está
sujeito à mudanças, devido aos 17 destaques votados aparte pelos deputados, que
dependem de aprovação do Congresso e sanção do próprio presidente Temer.
Segundo a FRENTAS - Frente Associação da Magistratura
e do Ministério Público; que representa mais de 40 mil magistrados, entre
juízes, promotores e procuradores, foram “criadas/ampliadas novas formas de
contratos de trabalho precários, que diminuem, em muito, direitos e remuneração,
permitindo, inclusive, pagamento abaixo do salário mínimo mensal, o que
concorreria para o aumento dos já elevados níveis de desemprego e de
rotatividade no mercado de trabalho”. Ainda segundo FRENTAS, “trata-se de um
ataque que passa pela supressão de direitos materiais e processuais hoje
constantes de lei (CLT) e até mesmo no que deixa de ser aplicado do Código
Civil na análise da responsabilidade acidentária, optando-se pela tarifação do
valor da vida humana, em vários pontos passando também pela evidente agressão à
jurisprudência consolidada dos tribunais regionais e do Tribunal Superior do
Trabalho”, afirmam as associações do judiciário.
O trabalho sempre teve
importância fundamental na existência do homem, sob múltiplos aspectos e por
várias razões. Seja como meio de subsistência e, como tal, condicionante do ser
humano, seja como fator de sua realização pessoal e de sua dignidade, por isto
desde tempos imemoriais constitui causa de preocupação dos responsáveis pelo
destino do homem e, dessa maneira, sua referencia é encontrada desde o Código de Hamurabi, da Mesopotâmia,
bem como na Bíblia.
Procuramos, como você
leitor, entender a postura da “Bancada da Fé”, ou “Bancada da Bíblia” no
parlamento federal, numa votação onde 70% dos deputados evangélicos da Câmara dos Deputados – deste
país onde o estado se diz laico– votou a favor da reforma trabalhista, Foram
231 votos que garantiram a reforma trabalhista, dos quais, 79 evangélicos, ou
seja, a bancada da Bíblia sozinha foi responsável por quase 40% do total
necessário pra se obter essa aprovação. Vale lembrar que estes deputados
declaradamente “evangélicos” são ativistas nas denominações das quais são
membros.
A maioria destes
deputados evangélicos são professores de Filosofia ou advogados (doutores pela
lei) dai peço vênia para reportamos às memorias de Platão, Aristóteles e Moisés, as quais
em mister de seu ofício máster devem conhecer:
“Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o
trabalho tinha sentido pejorativo. Envolvia apenas a força física. A dignidade
do homem consistia em participar dos negócios da cidade por meio da palavra. Os
escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros poderiam ser livres. O
trabalho não tinha o significado de realização pessoal. As necessidades da vida
tinham características servis, sendo que os escravos é que deveriam
desempenhá-las, ficando as atividades mais nobres destinadas às outras pessoas,
como a política. A ideologia do trabalho manual como atividade indigna do homem
livre foi imposta pelos conquistadores dóricos (que pertenciam à aristocracia
guerreira) aos aqueus. (MARTINS, 2004, p. 38).
Moisés registrou no livro de Genesis as seguintes palavras de
Deus: “E a disse a Adão: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e
comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a
terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. 18: Ela
te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. 19: Do suor do
teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado;
porquanto és pó, e ao pó tornarás...” Genesis 3: 17 – 19. (PAULINAS, 1963, p.
22).
Posteriormente, o filósofo Immanuel Kant
registrou que “O homem é o único animal que precisa de trabalhar”. Lembrando que a palavra trabalho, citada na
Bíblia e nos filósofos vem do latim “tripalium”, espécie de instrumento de
tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre os animais.
Nesta esteira do “tripalium”, a nova reforma
trabalhista faz com que os “Acordos coletivos prevalecem sobre a legislação”. Espinha dorsal da reforma,
cria a figura dos acordos coletivos negociados entre trabalhadores e empresas,
cujas decisões acordadas prevaleçam sobre as previsões da CLT. Esses acordos chegam
a contemplar um total de 40 questões cruciais tais como jornadas maiores de
trabalho, de até 12 horas diárias, desde que elas não somem mais de 220 horas
mensais (contando as horas extras). Hoje o limite é 44 horas semanais, com no
máximo 8 horas de trabalho por dia. Seria de bom aviltre lembrar que nestes acordos, via de fato, há maior possibilidade das decisões tomadas pelo
empregado de sofrer a interferência do empregador.
Aqui também deve se permitir uma lembrança nefasta, das votações
na Câmara Federal com participação ativa da maioria da “Bancada da Bíblia”, a
aprovação da Lei da Terceirização, quiçá a maior beneficiaria da nova Reforma
Trabalhista proposta por Temer
Uma
vez pensado o trabalho como filosofia e doutorado, em que pese a etimologia da
palavra “trabalho – tripalium”; reportaremos à algumas assertivas bíblicas e
posturas históricas que jugamos condicentes com o pensamento cristão.
Com o Tratado de Versalhes
(1919), em que foi positivado e criada a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) as conquistas dos trabalhadores, homens comuns, foram se ampliando e
ganhando jurisprudência, sobretudo em função da ética e da moral que permeiam
os sentimentos humanísticos e cristãos.
Nesta esteira a convenção nº 29 da OIT de 1930,
define o trabalho escravo “como todo trabalho forçado ou exigido de uma pessoa
sob a ameaça de sanção e
para o qual não se tenha oferecido
espontaneamente”. O Código Penal Brasileiro no seu Art.149 define da
seguinte maneira o trabalho escravo: “Art.
149: Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
submetendo-o a trabalhos forçados ou
a jornada exaustiva... (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)”.
Em voltando à Bíblia, poderíamos citar pelo
menos uns cem versículos alusivos à proteção do homem que trabalha, entre eles,
Deuteronômio
(cap. 24, vers. 14 e 15), onde se lê: “Não negarás a paga do indigente e do pobre, quer ele seja teu
irmão, quer um estrangeiro... , mas pagar-lhe-ás no mesmo dia o preço do seu
trabalho antes do sol posto, porque é pobre e com isso sustenta a sua vida; a
fim de que ele não clame contra ti ao Senhor e (isto) te seja imputado a
pecado”. No Novo Testamento, na Epístola de Tiago (cap. 5, vers. 4), o apóstolo
adverte os maus patrões: “Eis que o salário dos trabalhadores, que ceifaram os
vossos campos, o qual foi defraudado por vós, clama, e o clamor deles subiu até
aos ouvidos do Senhor dos exércitos”. No
livro de Lucas é atribuída a Jesus esta afirmação: “Digno é o trabalhador do seu salário”.(Lucas 10:7).
Na teoria econômica do capitalismo clássico, que tem em Adam
Smith seu mais destacado doutrinador, o trabalho é tido como padrão
universal dos valores de troca. Em contra ponto “O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais
riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão”. Na
teoria marxista, “O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata,
quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas,
aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens”. (MARX, 2001)
Voltando à “Bancada da
Bíblia”, alguns (Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, entre eles) se absteram de
votar (vale lembrar que abstenção é um voto que conta a favor
sem que você tenha que declarar seu voto. É uma maneira de ficar em cima do
muro pra não perder voto), mas foram contados
como quórum para dar legalidade à sessão.
Como disse Lacordaire,
“entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, é a liberdade que escraviza,
é a lei que liberta”. Graças aos
sofismas e habilidades humanas vale lembrar que liberdade e lei sob a
ótica do homem podem ser totalmente volúveis e mutáveis, porém o nosso Deus é IMUTÁVEL e ETERNO assim como também os
são sua LIBERDADE e sua LEI.
CITAÇÕES:
-
MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 20 ed., São Paulo: Atlas, 2004)
- MARX,
Karl. Manuscritos econômico-filosóficos.Tradução de Alex Marins. São
Paulo: Martin Claret, 2001.(A obra prima de cada autor).
- BÍBLIA SAGRADA. Edições Paulinas,
1963.16 ed., São Paulo.
Manoel
de Jesus é teólogo e administrador.
domingo, 30 de abril de 2017
TEOLOGIA INTEGRAL: HERESIA OU MODISMO?
É quase certo que no principio o cristianismo tenha
sido visto simplesmente como mais uma seita, ou grupo, dentro de um judaísmo
que já estava acostumado a uma considerável diversidade na expressão religiosa.
As diversidades; religiosa e secular, juntas, tem
sido a combustão que alimenta o surgimento de novas práticas teológicas
ajudando a forjar um sentido de identidade compartilhada em contraste com a
sociedade em geral e à própria expressão religiosa.
O cristianismo foi vitimado por heresias clássicas
como o ebionismo, docetismo, valentianismo; também pelo arianismo, donatismo e
pelagianismo, entre outras, todas forjadas pela ortodoxia.
Quando falo de ortodoxia,
refiro-me à maneira como a Reforma estabeleceu-se, enquanto forma eclesiástica
de vida e pensamento. É de considerável interesse entender o pensamento da
ortodoxia reformista, em especial porque a mesma ajuda a explicar o crescente
interesse religioso e cultural, sem mencionar a simpatia, pelos modismos que
devidamente orquestrados se transformam em heresias; uma vez que, nesta
compreensão, a heresia passa a ser vista como a ortodoxia do corajoso
desfavorecido, o eco de ressonância das vozes dos grupos culturais reprimidos e
oprimidos.
Analisada pelo viés da ortodoxia a
Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral, é um
conceito que vem sendo abraçado por diversas igrejas evangélicas, notadamente
as inseridas nos movimentos MDA, G12 e outras nomenclaturas não menos atraentes
que sugerem a aplicação dos princípios do Evangelho em todas as áreas da vida,
incentivando o evangelismo que pregue a Palavra e que ofereça assistência
social, psicológica e espiritual.
As diferenças entre a Teologia da Libertação e
a Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral,
consistem em que a primeira era regida pela Igreja Católica, tinha comando e
serviu como fonte de oxigenação para o catolicismo brasileiro e da América Latina.
No Brasil
tem como ícones, o (ex) padre Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix
do Araguaia. Um dos seus
frutos no seio da Igreja Católica brasileira, é o Movimento Carismático cujos
padrões de aplicação e obediência religiosa foram moldados em sua práxis.
Já a segunda, Teologia Integral, como dissemos anteriormente
está inserida nos movimentos MDA, G12 e outros pequenos grupos, entre cujos
expoentes no Brasil estão, o pastor e escritor
Ariovaldo Ramos, auxiliar da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) e um dos
maiores entusiastas da TMI no Brasil e o também pastor Ariovaldo Carlos Jr,
criador da Bíblia Freestyle. Ambos enfrentam sérias resistências no próprio
seio interdenominacional brasileiro e não conseguiram até esta data o apoio de nenhuma
chamada Convenção ou Denominação evangélica/ protestante no Brasil ou na
América do Sul.
A exemplo da Libertação, cuja base era sustentada por um
movimento apartidário que englobava várias correntes de pensamento
interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas
condições sociais, políticas e econômicas; a Teologia Integral ou TMI, visa uma atenção maior ao oprimido socialmente, numa práxis denominada
“o Evangelho todo para o homem todo”.
A Teologia da Libertação tinha como pano de
fundo, as lutas pela posse da terra, e deu origem ou/e fortaleceu grupos como o
MST, - Sem Terra e/ou Sem Teto; Via Campesina, CMI – Conselho Missionário Indigenista, os STR
– Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e outras vertentes então classificadas
como socialistas. Na zona urbana ou rural, havia sempre um excluído
socialmente, objeto dos cuidados da Pastoral da Terra ou da Pastoral da Cidade
sob a égide da ação libertadora católica. A Teologia
Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral tem como práxis a diversidade de
gênero, raça, cor, preferencia sexual, etc.
Voltando à ortodoxia, refiro-me à maneira
como Reforma estabeleceu-se. Enquanto forma eclesiástica de vida e pensamento,
a Teologia Integral é
vitima da própria seiva que a alimenta: a diversidade. Especificamente a
diversidade da interpretação e das comparações. Quando Gretchen afirmou que : “Há
um versículo na Bíblia que diz: "Vem a mim do
jeito que você é, eu farei a obra”; sem o saber, cooperou para que a maioria
dos pensadores cristãos no Brasil se voltassem para a “obra” que se opera nas
diversidades. Realmente, “vem como estás”, mas não permaneça como vieste! “Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo”. 2º Coríntios 5:17. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará”. – Gálatas. 6: 7.
Concluindo: Entre as
teologias, da Libertação e a Integral, há quem as compare e as coloque nos
mesmos viés teológicos. Porém o que existe de fato entre as duas é uma simbiose
própria dos modismos e das heresias: “Os fins justificam os meios”. Ou seja,
entre o bem e o mal não há nenhuma diferença entre um ou outro, ou, se
diferença há, não é essa, pois o Bem e o Mal não existem em si mesmos, cada um
deles é somente a ausência do outro.
Manoel de Jesus é
teólogo, administrador, autor dos livros; Caricaturas – poesias evangélicas, Jaciara
Senhora da Lua – história municipalista; As Dez Virgens e A Igreja no Contexto
de Hoje – escatologia; e, Gestão Eclesiástica – Estudo de Caso da Primeira
Igreja Batista de Jaciara – Eclesiologia/Administração.
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