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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

- DEVEMOS GLORIFICAR A DEUS EM NOSSO CORPO.


*1º Co. 6:20” =“Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”.* 

Nas epistolas paulinas, o apóstolo reitera várias vezes; que o corpo não nos pertence, mas pertence a Deus: *“[...] não sois de vós mesmos”* (1 Co 6.19b) Isso porque um resgate de alto preço foi pago por Cristo (1 Co 6.20a; 7.23; cf. 1 Pe 1.18,19). Em função do sacrifício de Jesus, como reconhecimento da nossa parte, espera –se um corpo que esteja buscando e praticando o exercício de “ser santo”, um corpo usado para glorificar a Deus *(1 Co 6.20b)*. Por conseguinte, o corpo como santuário de Deus nunca deve ser profanado ou aviltado por impureza alguma.

Entendemos e aceitamos como regra de fé, que a salvação, portanto, começa com um ato de justificação – na cruz, prossegue no processo continuo e vitalício de afastarmo-nos do pecado (santificação) e culmina (termina) com nosso corpo transformado num corpo incorruptível e imortal (a glorificação!).

Porém é necessário entender que a glorificação do corpo só ocorrerá quando o Senhor Jesus voltar, e o corpo glorificado será visto no arrebatamento (1 Ts 4.13-17). *Na ressurreição, a parte imaterial será reunida em um corpo incorruptível, glorificado, espiritual e imortal* (1 Co 15.42-44,52-54). Assim, a morte é o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26).

terça-feira, 22 de agosto de 2023

- O SER HUMANO É CONSTITUÍDO DE ESPÍRITO, ALMA E CORPO.


 

1º Ts.5:23= “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.*

Entendemos que natureza humana é composta por uma parte externa, o corpo ou a carne; *“Então, disse o Senhor: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal”* (Gn 6.3 conf. Sl 78.39) chamada “homem exterior”, e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma *(2 Co 4.16; 1 Ts 5:23, Hb. 4:12)*. De forma geral, tudo o que a Bíblia diz a respeito da alma fala também do espírito, inclusive quando da morte do corpo físico ou homem exterior, ambos (alma e espírito) deixam o corpo mortal e sobrevivem a ela; *“e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”*. (Ec 12.7 conf. Ap 6.9).

A alma e o espírito são substâncias espirituais incorpóreas e invisíveis. Apesar dessas características comuns, são entidades distintas, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o “homem interior” (Ef 3.16); porém são distintos entre si. O Espírito Santo opera por meio do espírito humano (Rm 8.16); mas isso nunca se diz com respeito à alma humana. A Bíblia fala sobre o homem perder a sua alma (Mt 16.26); essa linguagem, todavia, nunca é usada a respeito do espírito.

Outro ponto importante desta distinção está no fato de que o espírito é o componente pelo qual se tem comunhão com o Espírito de Deus, enquanto que a alma é definida pelos aspectos da mente, das emoções e da vontade. O corpo é a parte que volta ao pó e que, no caso dos salvos, será transformado no dia da ressurreição; *“ Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória”*. (1 Co 15.42).

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

- O HOMEM RECEBEU O FÔLEGO DA VIDA DIRETAMENTE DE DEUS.


Gn. 2: 7 =  “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas  narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". 


O homem recebeu diretamente de Deus o sopro de vida em suas narinas (Gn 2.7). Esta contundente afirmação das Escrituras Sagradas, refuta de forma retumbante toda e qualquer interpretação inverídica orquestrada pela ortodoxia pós-modernista.

Adão foi o primeiro homem a ser criado (Gn 2.15,19,20). A primeira mulher, Eva, foi formada do corpo de Adão (Gn 2.22; 3.20). *O homem (adham) foi formado do pó úmido da terra (Gn 2.7)*. O uso do *hebraico adham* denota nome próprio, mas também é genérico, significando “homens” e “humanidade”. *Assim, homens e mulheres são descritos como criaturas da terra, porém Deus “soprou em seus narizes o fôlego da vida” (Gn 2.7b)*. O Senhor não fez isso com os animais. *O sopro dEle foi a outorga do espírito*, e isso distingue a humanidade dos demais seres criados.



- ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA: O SERVIÇO VOLUNTARIADO E SUAS IMPLICAÇÕES LEGAIS.


 Jesus, Manoel Martins de.[1]

Me. Jesus, Esdras Warley Martins de. [2]

 

- RESUMO.

Este proemio é fruto de uma pesquisa exploratória  que analisa, inicialmente, qual é o conceito e a natureza da lei acerca da prestação dos serviços sociais e suas implicações no direito trabalhista no universo do laboral voluntariado, um dos pilares da vocação do serviço religioso, tecendo um breve escorço sobre o dilema teórico do administrador religioso, em sua grande maioria desconhecedor da Lei do Voluntariado  e  como consequência sua penitência e castigo quando acontece a omissão da proteção e sua perspectiva social atrelados às Leis Trabalhistas no Brasil,  somente justificada  na tutela e na legitimidade do serviço se observada a sua função social no campo dos direitos reais. O referencial teórico adotado, foi o dedutivo, onde inicialmente se fez um estudo sobre o tema “Administração Eclesiástica - o serviço voluntariado e suas implicações legais”, e a consolidação do enunciado da Lei 9.608/98, na esfera das garantias da assistência previdenciária do Direito Brasileiro, e através deste; a análise para se chegar aos resultados esperados.

Palavras chaves: Administração eclesiastica. Voluntariado. Serviço religioso.

 

- SUMMARY

This proem is the result of an exploratory research that initially analyzes what is the concept and nature of the law regarding the provision of social services and its implications for labor law in the universe of voluntary work, one of the pillars of the vocation of religious service, weaving a brief foreshortening of the theoretical dilemma of the religious administrator, most of whom are unaware of the Volunteering Law and, as a consequence, their penance and punishment when the omission of protection occurs and their social perspective linked to the Labor Laws in Brazil, only justified in the guardianship and in the legitimacy of the service if its social function in the field of real rights is observed. The theoretical framework adopted was the deductive one, where initially a study was carried out on the theme “Ecclesiastical Administration - voluntary service and its legal implications”, and the consolidation of the statement of Law 9.608/98, in the sphere of guarantees of social security assistance for the Brazilian Law, and through this; analysis to arrive at the expected results.

Keywords: Ecclesiastical administration. Volunteering. Religious service.

 

 1 - INTRODUÇÃO.

Testemunha-se hoje um renovado interesse pelo serviço social voluntariado e suas implicações para a igreja. As teorias humanistas de Elton Mayo e Kurt Lewin que enfatizam as reações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho enfatizando a responsabilidade social está em voga nas diferentes áreas da sociedade e os aspectos do “cuidar do outro “como nos princípios neotestamentário, tem servido de parâmetros para a vida moderna em comunidade.

Esta nova consciência fez crescer a redescoberta desta modalidade laboral como um fluxo vocacional natural implícito no serviço cristão e ao mesmo tempo trouxe para o administrador a obrigação em clarificar o tempo em que o voluntario fica à disposição da instituição religiosa para desempenhar suas devidas funções; o que é “divino” e o que é “legal” num dos pilares crucial para a fé, a vida e a missão da igreja, o serviço voluntário.

Por ser um conceito central nas Escrituras, na ética e na Teologia, o voluntariado tem um tratamento de alta prioridade na vida e no testemunho da igreja. Os “que serviam à mesa”[3], na igreja do primeiro século, além de versados na fé cristã, eram oficiais responsáveis pela assistência social aos pobres.

 

2 – O SERVIÇO VOLUNTARIADO E SUAS IMPLICAÇÕES LEGAIS[4].

2.1- O VOLUNTARIADO NO SERVIÇO RELIGIOSO.

O serviço voluntário nas organizações religiosas cristãs teve sua origem na palavra diácono, no grego diákonos, (δια´Κoνoς), que é encontrada cerca de 30 vezes no Novo Testamento. Diákono significa: servo, serviçal, garçom, atendente ou servente. É uma palavra composta que também significa “fazer a poeira subir”.

A imagem é de alguém que está se movendo tão rapidamente para cumprir suas obrigações, que seus pés, quando passam, fazem a poeira levantar e rodopiar. Havia tanto para os diáconos fazerem que eles não podiam parar, nem conversar trivialidades, nem se demorar muito em suas funções.

No grego, (εθελοντής  -  διάκονος  -  διάκονος  - υπηρετεί ή λειτουργός); equivalentes às palavras portuguesas; voluntário  -  diácono  -  diaconato / servir ou ministrar, são semelhantes a diakonia (ministério ou diaconato) e diakoneo (servir ou ministrar). A mesma palavra descreve empregados e obreiros voluntários. A ênfase bíblico-teológica, no entanto, não está na posição ou cargo hierárquico da pessoa, mas em relação ao seu trabalho.

O sentido da palavra na Bíblia inclui: servos domésticos (Jo 2:5-9), e governantes (Rm 13:4), além do uso mais comum de servos de Cristo e da Igreja. Jesus usou a palavra para descrever seus discípulos um em relação ao outro (Mt 23:11). Paulo usou a mesma palavra frequentemente para descrever evangelistas ou pregadores da palavra (1 Co 3:5; Ef 6:21). Estes termos, no uso geral, descrevem tanto homens como mulheres (Lc 10:40; Rm 16:1). Todos os cristãos devem servir uns aos outros (1 Pe 4:10). Não é que Paulo tentasse revogar a percepção de Cristo quanto ao assunto, mas trata-se do apóstolo dramatizar e salientar ainda mais sua submissão a Cristo, o que deveria ser nossa disposição “voluntária” à soberania e ao governo de Cristo.

A palavra: servo, “doulos” (δoυλoς), inclui o sentido de escravo. Conforme a afirmação de Paulo em Romanos 1:1, é aquele que não tem direitos, não dispõe de sua pessoa, nem bens, está obrigado a servir.

Jesus empreende nova compreensão às relações de serviço no Reino de Deus: “Já não vos chamo servos, „doulos ‟(δoυλoς), porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, „fhilous‟(Φι´λoυς) porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (Jo 15:15).

Com base nesta nova compreensão dada por Jesus entendemos que “voluntário” empresta leveza ao tema, pois se tem em mente o servir com prazer, zelosa e diligentemente; ajudar seu superior na execução de trabalhos. Nesse sentido o servo considera-se um instrumento e dá toda a glória a seu Senhor.

 

2.2 – O VOLUNTARIADO: DA JANELA DO TEMPO À CONTEMPORANEIDADE.

Neste exórdio atemos ao desenvolvimento do voluntariado somente na janela brasileira, tampouco elucubramos despir a história em todas as suas nuances pois o serviço desenvolvido pelo homem à parte de sua religiosidade é notório e permeia suas ações em favor do seu próximo. A exemplo de Hudson (1999), outros autores abordam este mover histórico em uma outra magnitude, na qual o voluntariado é também denominado de “Terceiro Setor”.

Segundo Kisnerman (1983), com o advento do Cristianismo o trabalho social passa a ter um significado maior com a pratica da caridade ganhando um novo significado, entendimento no qual a salvação pelas obras, objeto da caridade cristã, se resume, em grande parte, em atos de ajudar pessoas carentes com bens concretos (dinheiro, alimentos, roupas, alojamentos) é essencial para entender as origens do voluntariado. “A esmola, a exortação e a persuasão como recursos elementares caracterizam este largo período de origem do voluntariado, no qual a fé, o sentimento e a intuição substituem o conhecimento científico frente às situações que geram tal estado de carência” (Kisnerman, 1983, p. 3).

Segundo Hudson (1999), a base filosófica que agalma grande maioria dos aspectos visualizados no Terceiro Setor é o desejo humano de ajudar outras pessoas sem a exigência de benefícios pessoais.

 

“A maioria das pessoas pensa no setor em termos de caridade e pressupõe que é um fenômeno moderno... Essa filosofia, no entanto, data de mais longe... Desde os tempos mais remotos era o grupo familiar que cuidava dos membros pequenos, enfermos, deficientes, velhos, viúvos e órfãos” (Hudson, 1999, p. 01).

 

O serviço voluntário, como visto por Hudson, Kisnerman e outros, é uma realidade antiga no Brasil, mas somente foi regulamentado pela Lei nº 9.608/98, também denominada Lei do Voluntariado. Essa lei pode ser considerada um marco importante e é por si mesma um indicador da crescente importância atribuída pelo governo ao Terceiro Setor.

 

2.3 - O VOLUNTARIADO SOB A ÓTICA DA SEGURIDADE SOCIAL.

Juntos à uma unanimidade de autoridades no assunto; Pilotti e Rizzini (1995, p. 36) e Faleiros (1995, p. 228), são unanimes em reconhecerem as organizações religiosas como as primeiras instituições a serem reconhecidas como filantrópicas e praticantes de atividades voluntárias no Brasil.

Já em fevereiro de 1998, o governo federal promulgou a Lei nº 9.608, que rezou textualmente;

 

Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.

Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

[ ... ].

 

Com o advento do Código Civil, Lei 10.406/2002, os arts. 44 e 2.031 colocaram em cheque o serviço voluntariado como era usualmente conhecido e desenvolvido pelas organizações e absorvidos pela comunidade de voluntários.

A promulgação da Lei Federal N° 10.825/03 corrigiu o entendimento legal laboral e lançou luz definitiva quanto ao entendimento das instituições religiosas como OTS (Organização do Terceiro Setor).

Persistia porém, a respeito de todo entendimento, a dúvida sobre a legalidade do não recolhimento sobre o incidente da previdência social até que objeção esta foi devidamente caída por terra com o parecer emanado do Processo nº: AC 0123081-21.2000.4.01.000, do TRF-1ª Região, originário da Comarca de Cuiabá/MT no qual se discutiu “a legitimidade da cobrança de contribuições ao INSS sobre trabalho executado com mão de obra não assalariada, com fundamento no artigo 150, inciso VI, alínea “b”, da Constituição Federal. O juiz relator esclareceu que o dispositivo se aplica apenas aos impostos, dos quais não fazem partes as contribuições previdenciárias”.

Diante as razões elencadas na denúncia processual, o pleno acatou por unanimidade o parecer do relator, juiz federal convocado, Fausto Mendanha Gonzaga, da 6.ª Turma Suplementar, em cujo entendimento se pronunciou arrazoando que; “Trabalho voluntário [...] não enseja contraprestação econômica. Sendo gratuito e prestado sem vínculo empregatício, não há que se falar em fato gerador de contribuições destinadas à Seguridade Social”[5], em julgamento de apelação proposta à corte pela Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Em junho de 2016, o Decreto LEI Nº 13.297/2016[6], altera o art. 1º da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que passa a vigorar com o seguinte texto: “Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa”.

Mais recentemente a Receita Federal em função de uma consulta protocolada sob o nº 105/2021, dirigida à Coordenação Geral de Tributação (Cosit), dirimiu de vez as dúvidas que ainda possam permear sobre o assunto:

 

SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 105, DE 24 DE JUNHO DE 2021[7]:

Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias

ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. PESSOA FÍSICA PRESTADORA DE SERVIÇOS VOLUNTÁRIOS NÃO REMUNERADOS. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. IMPOSSIBILIDADE.

Não se considera segurado obrigatório da Previdência Social a pessoa física prestadora de serviços voluntários não remunerados a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Caso o trabalho voluntário seja remunerado, a pessoa física prestadora dos serviços será enquadrada como contribuinte individual, nos termos do art. 12 da Lei nº 8.212, de 1991.

Dispositivos Legais: Lei nº 9.608, de 1998, art. 1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 12; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 20, § 3º.

Publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 28/06/2021, na pág 40, seção 1.

 

Finalmente, o trabalho laboral no regime voluntariado, encontra se aportados em relação à possíveis futuros entraves que possam advir da seguridade social, seu porto seguro, a Lei 9.608/98, no § 1º do art. 2º: “O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim”; bem como o combinado do art 2º, “O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício”; com o § 1, art. 442 da CLT; “Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela”.

 

3 – METODOLOGIA

O referencial teórico adotado na pesquisa foi o dedutivo, onde inicialmente se fez um estudo sobre o tema “O serviço voluntario nas organizações sem fins lucrativos e suas implicações na Legislação Trabalhista Brasileira” e sua participação na seguridade social.

O método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. (GIL, 2008, p.09)

A pesquisa realizada foi bibliográfica, constituída principalmente a partir de leituras de livros, sites análogos e de diversos artigos ligados ao tema em questão: O serviço voluntário e suas implicações laborais.

 

4 - ANÁLISE E DISCUSSÕES.

Aliado ao desconhecimento da legislação num todo e tendo como pano de fundo a promulgação do Decreto nº 9.906/2019 que instituiu no Brasil o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado e demais peculiaridades próprias da legislação em tela, somada à desconfiança nata que a maior parte da sociedade tem em relação à prestação gratuita de serviços de qualquer natureza ao poder público, trouxe de volta o debate sobre a lisura do trabalho laboral voluntário.

Em que pese a disposição de malabarismo jurídico e o emaranhado de opiniões conflitantes emitidas por alguns operadores do direito, o que todo administrador de alguma instituição aportada no terceiro setor precisa ter conhecimento diz respeito à algumas Leis distintas e ao mesmo tempo correlatas entre si, a chamada legislação básica do trabalho laboral distinto, a saber:

A Lei N. 9.790, de 23 de março de 1999, dividiu assim os setores promotores (empregadores) e prestadores de serviços: Primeiro Setor, composto de organizações governamentais; Segundo Setor, formado por organizações não governamentais com fins lucrativos; e o Terceiro Setor que se caracteriza por congregar as organizações privadas com finalidades públicas.

Como dito anteriormente, Pilotti e Rizzini (1995, p. 36) e Faleiros (1995, p. 228), são unanimes em reconhecerem, as organizações religiosas como as primeiras instituições a serem reconhecidas como filantrópicas e praticantes de atividades voluntárias no Brasil. Esta verdade corporificou-se com a promulgação da Lei Federal N° 10.825/03 que afirma textualmente em seu art. 1º: “Esta Lei define as organizações religiosas [...] como pessoas jurídicas de direito privado”; e art.  44, § 1o: “São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.

Piccinini (2013, p. 157), “é característica de toda entidade sem fins lucrativos a prestação de serviço de forma voluntária e tal situação não é diferente nas entidades religiosas”.

Porém este escriba entende que ainda que seja prática comum, requer-se cuidado na formalização dessa relação, a fim de que fique devidamente documentada a condição da referida prestação de serviço, evitando –se eventuais situações de vínculo empregatício e, consequentemente, obrigações trabalhistas, pois assegura a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em seu art. 442 que “contrato individual de trabalho é o acordo, tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”, corroborado pelo art. 421 do Código Civil: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

Isto posto entendemos que o administrador eclesiástico deve sempre atentar para o que prescreve o art. 2º da Lei 9.608/98, acima citada várias vezes: “o serviço ou trabalho voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade (instituição religiosa) e o prestador de serviço voluntário”. Tal preocupação do legislador visa assegurar a entidade a garantia da inexistência do vínculo trabalhista com obrigações de natureza trabalhista, previdenciária ou afins.

 

Breves comparações entre a concepção laboral:

Trabalho contratado versus voluntario.

Trabalho contratado

Trabalho voluntariado

- A Legislação é consumerista - Lei 8.078/90 CDC

- A Legislação é humana – Art. I, III CEF/88

- A instituição necessita da legislação para se manter em funcionamento.

- A instituição necessita da legislação para diferenciar a essência das atividades desenvolvidas entre o público e o privado.

- Fornece informação.

- Gera transformação;

- Consome as pessoas em suas atividades.

- Incentiva nas pessoas o desenvolvimento da solidariedade mutua.

- Pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. Arts. 2º e 3º da CLT.

- Objetivos sociais diversos; mutualidade e não remuneração. Lei 9.608/98, Art. 1º e § Único.

- Debilita a força e a energia da (s) pessoa(s).

Motiva a(s) pessoa(s) para o desenvolvimento da missão.

- Comprometida com o funcionamento do sistema.

- Compromissada com o cumprimento da missão.

 

 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dados oriundos do IBGE, coletados na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) em 2019[8], mostraram que no Brasil, 6,9 milhões de pessoas, entre 14 e 60 anos, realiza algum tipo de trabalho voluntário. Neste universo, 79,6% o fizeram por meio de congregação religiosa.

Não existe nenhuma objeção formal, jurídica, comportamental ou social, que desconheça ouse diminuir o enorme serviço prestado pela Lei nº 9.608/98 no que tange à segurança previdenciária no que diz respeito ao trabalho laboral voluntário em relação à proteção das instituições religiosas protegendo-as de reclamações na justiça trabalhista, no presente ou futuro.

Porém, deliberadamente ou não, os legisladores brasileiros deixaram uma lacuna imensurável nos finalmente da augusta Lei do Voluntariado, não propondo no texto legal facilidades ou incentivos, salvo os ligados à nobreza da causa, à solidariedade e a realização pessoal, para que qualquer pessoa, por quaisquer que sejam os motivos; religiosos ou não, possam se dedicar à atividade do serviço voluntário.

 

REFERÊNCIAS:

 ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo. Ed. Atlas. 10ª edição. 2010.

 BRASIL. Planalto. Lei nº 9.608 de de 18 de fevereiro de 1998.

 _______, Planalto. Lei Federal N° 10.825/2003  

 CÂMARA, Samuel e KESSLER Nemuel. Administração Eclesiástica. Rio de Janeiro: CPAD, 20ª ed., 2012.

DRUCKER, Peter F. Desafios Gerenciais para o Século XXI. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Adm e Negócios, 1999.

FALEIROS, Eva Teresinha Silveira. A criança e o adolescente: objetos sem valor no Brasil Colônia e no Império. In: A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universidade Santa Úrsula, 1995.

GABY, Eliel e GABY, Wagner. Planejamento e Gestão Eclesiástica. São Paulo: CPAD, 1ª ed., 2012.

 HUDSON, Mike. Administrando Organizações do Terceiro Setor. São Paulo. Makron Books, 1999.

 KISNERMAN, Natálio. Introdução ao trabalho social. São Paulo. Editora Moraes, 1983.

 MORAES, Alexandre de. Constituição da República Federativa do Brasil. 46ª e., Ed., Gen/Atlas, São Paulo, 2019.

 NOGUEIRA, Luiz Rogério. Gestão Administrativa e Financeira Eclesiástica. Rio de Janeiro: Vozes, 1ª ed. 2008.

 PICCINNINI, Taís Amorim de Andrade. Manual Prático de Direito Eclesiástico. São Paulo. Saraiva, 2013.

 PILOTTI, Francisco e RIZZINI, Irene. A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universidade Santa Úrsula, 1995.

 RYRIE, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada – Expandida. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.


[1] - Me. em Teologia Eclesiástica (IEVI). Esp. em Gestão Educacional e Empresarial - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Vale do São Lourenço – EDUVALE/Jaciara-MT; Esp. em Gestão Pública – IFMT/MT, Gestão Eclesiástica e Ministério Pastoral – ÁGORA/Pr.  Bacharel em Administração (EDUVALE).

[2] - Mestre em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, especialista em Auditoria, Controladoria e Gestão, bacharel em Administração e Conselheiro Titular do CRA-MT (2022/2024); Docente da Faculdade de Tecnologia SENAI Mato Grosso e Tutor do Curso Superior de Administração Pública pela UFMT. Perito Judicial habilitado. Vistoriador de Identificação Veicular e Documental habilitado. Atual analista de planejamento e controle da Associação Agrologística de Mato Grosso (www.agrologisticamt.com.br).

[3] - “Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram: "Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas”. Atos 6:2

[4] - Artigo produzido a partir da disciplina Administração Eclesiástica, oferecida pelo curso de Bacharel em Teologia.

[6] - Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13297.htm Acessado em 11/11/2022.

[8] - Disponível em:  https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101722_informativo.pdf Acessado em: 19/11/2022.