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domingo, 30 de abril de 2017

TEOLOGIA INTEGRAL: HERESIA OU MODISMO?

É quase certo que no principio o cristianismo tenha sido visto simplesmente como mais uma seita, ou grupo, dentro de um judaísmo que já estava acostumado a uma considerável diversidade na expressão religiosa.
As diversidades; religiosa e secular, juntas, tem sido a combustão que alimenta o surgimento de novas práticas teológicas ajudando a forjar um sentido de identidade compartilhada em contraste com a sociedade em geral e à própria expressão religiosa.
O cristianismo foi vitimado por heresias clássicas como o ebionismo, docetismo, valentianismo; também pelo arianismo, donatismo e pelagianismo, entre outras, todas forjadas pela ortodoxia. Quando falo de ortodoxia, refiro-me à maneira como a Reforma estabeleceu-se, enquanto forma eclesiástica de vida e pensamento. É de considerável interesse entender o pensamento da ortodoxia reformista, em especial porque a mesma ajuda a explicar o crescente interesse religioso e cultural, sem mencionar a simpatia, pelos modismos que devidamente orquestrados se transformam em heresias; uma vez que, nesta compreensão, a heresia passa a ser vista como a ortodoxia do corajoso desfavorecido, o eco de ressonância das vozes dos grupos culturais reprimidos e oprimidos.
Analisada pelo viés da ortodoxia a Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral, é um conceito que vem sendo abraçado por diversas igrejas evangélicas, notadamente as inseridas nos movimentos MDA, G12 e outras nomenclaturas não menos atraentes que sugerem a aplicação dos princípios do Evangelho em todas as áreas da vida, incentivando o evangelismo que pregue a Palavra e que ofereça assistência social, psicológica e espiritual.
As diferenças entre a Teologia da Libertação e a Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral, consistem em que a primeira era regida pela Igreja Católica, tinha comando e serviu como fonte de oxigenação para o catolicismo brasileiro e da América Latina. No Brasil tem como ícones, o (ex) padre Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.  Um dos seus frutos no seio da Igreja Católica brasileira, é o Movimento Carismático cujos padrões de aplicação e obediência religiosa foram moldados em sua práxis.
Já a segunda, Teologia Integral, como dissemos anteriormente está inserida nos movimentos MDA, G12 e outros pequenos grupos, entre cujos expoentes no Brasil estão, o pastor e escritor Ariovaldo Ramos, auxiliar da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) e um dos maiores entusiastas da TMI no Brasil e o também pastor Ariovaldo Carlos Jr, criador da Bíblia Freestyle. Ambos enfrentam sérias resistências no próprio seio interdenominacional brasileiro e não conseguiram até esta data o apoio de nenhuma chamada Convenção ou Denominação evangélica/ protestante no Brasil ou na América do Sul.
A exemplo da Libertação, cuja base era sustentada por um movimento apartidário que englobava várias correntes de pensamento interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas condições sociais, políticas e econômicas; a Teologia Integral ou TMI, visa uma atenção maior ao oprimido socialmente, numa práxis denominada “o Evangelho todo para o homem todo”.
A Teologia da Libertação tinha como pano de fundo, as lutas pela posse da terra, e deu origem ou/e fortaleceu grupos como o MST, - Sem Terra e/ou Sem Teto; Via Campesina, CMI – Conselho Missionário Indigenista, os STR – Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e outras vertentes então classificadas como socialistas. Na zona urbana ou rural, havia sempre um excluído socialmente, objeto dos cuidados da Pastoral da Terra ou da Pastoral da Cidade sob a égide da ação libertadora católica. A Teologia Integral, ou TMI – Teologia da Missão Integral tem como práxis a diversidade de gênero, raça, cor, preferencia sexual, etc.
Voltando à ortodoxia, refiro-me à maneira como Reforma estabeleceu-se. Enquanto forma eclesiástica de vida e pensamento, a Teologia Integral é vitima da própria seiva que a alimenta: a diversidade. Especificamente a diversidade da interpretação e das comparações. Quando Gretchen afirmou que : “Há um versículo na Bíblia que diz: "Vem a mim do jeito que você é, eu farei a obra”; sem o saber, cooperou para que a maioria dos pensadores cristãos no Brasil se voltassem para a “obra” que se opera nas diversidades. Realmente, “vem como estás”, mas não permaneça como vieste! “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. 2º Coríntios 5:17.  “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. – Gálatas. 6: 7.
Concluindo: Entre as teologias, da Libertação e a Integral, há quem as compare e as coloque nos mesmos viés teológicos. Porém o que existe de fato entre as duas é uma simbiose própria dos modismos e das heresias: “Os fins justificam os meios”. Ou seja, entre o bem e o mal não há nenhuma diferença entre um ou outro, ou, se diferença há, não é essa, pois o Bem e o Mal não existem em si mesmos, cada um deles é somente a ausência do outro.

Manoel de Jesus é teólogo, administrador, autor dos livros; Caricaturas – poesias evangélicas, Jaciara Senhora da Lua – história municipalista; As Dez Virgens e A Igreja no Contexto de Hoje – escatologia; e, Gestão Eclesiástica – Estudo de Caso da Primeira Igreja Batista de Jaciara – Eclesiologia/Administração.